GOVERNO PODE MUNICIPALIZAR ESCOLAS DA REDE ESTADUAL!
O secretário de Estado da
Educação, Jorge Carvalho, afirmou na abertura do Seminário pelo Pacto do
Fortalecimento do Ensino Médio na última quarta-feira (15), no Teatro Tobias
Barreto, em Aracaju, aquilo que o MEC já denunciara por meio de estatística:
Sergipe tem o pior ensino médio do país na rede pública e, pasmem; também na
privada!
Com um diagnóstico tão ruim, nada mais tentador para o governo
estadual do que dar continuidade a uma medida nada animadora para os
professores da rede: municipalizar o ensino
fundamental! Isso mesmo, a antiga prática da década de 90 que deixou
vários municípios à margem da falta de recursos e de infraestrutura para dar
conta de uma demanda carente de investimento pode ser ampliada. Logo agora
quando a presidente Dilma Rousseff decide que a Educação será a área de maior
prioridade no país. Logo agora que ela corta 7 bilhões de reais em
investimentos? Para o governo federal, corte de "gastos". Se já não
bastasse isso, os recursos do Fundeb têm data marcada para acabar - 2020!
A gente sabe que, pela ordem de natureza educacional no país, tanto
o ensino infantil quanto o fundamental são de alçada do município (e
futuramente o EJA - de jovens e Adultos). Aos estados cabem prover o ensino
médio. Em seu artigo publicada na Revista Educação sobre o tema, Paulo de Camargo afirma que
"o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
estudo periódico "Perfil dos Municípios Brasileiros", divulgado em
2010, enfatizou: a municipalização da educação é "um ciclo ainda longe de
se completar". E mais "para além do ritmo da municipalização,
diferentes estudos que vêm analisando os moldes em que esse processo se deu
apontam problemas comuns. Em primeiro lugar, é a intensa pressão política
exercida pelos estados para que os municípios aceitem assumir a rede estadual.
Muitos resistem, e não sem razão. Afinal, municipalizar significa, muitas
vezes, assinar um termo de convênio no qual o estado cede seus equipamentos e
as prefeituras assumem as operações. Em um primeiro momento, o estado pode
continuar com os docentes em sua folha de pagamento, mas é uma situação
instável do ponto de vista burocrático".
Municipalização ou
"prefeitorização"? - Para o mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Vitor Pissaia, em
muitos lugares que ele visitou para sua pesquisa de campo, a municipalização estava mais para "prefeitorização",
ou seja, o papel do secretário de Educação e do
prefeito com o troca-troca de papéis no gerenciamento do processo educacional
acabou minguando mais ainda o que já estava dando errado. Além disso, como hoje
o número de alunos reforça o caixa do município no ano seguinte, a municipalização,
mesmo que aprimorada, pode levar a uma política de encher as salas de aula com
alunos-fantasma.
"O Chile viveu, a partir de 1980, um
acelerado processo de municipalização, que agora se encontra em crise. Nos
Estados Unidos, a busca da descentralização chegou mesmo ao âmbito da escola,
com grande autonomia", relata Camargo. Ele ainda acrescenta que no Brasil
"o que se viu, desde então, foi o desenrolar de um novelo repleto de nós,
em que ninguém se arrisca a mexer. O tema ressurge no artigo 7º do Plano
Nacional da Educação (PNE), mas sem o destaque e a clareza que merece: "a
consecução das metas do PNE e a implementação das estratégias deverão ser
realizadas em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os municípios". Não há qualquer menção à maneira como essa
parceria acontecerá na prática".
"No
Sul, municipalizar a educação não significou autonomia de gestão nem
independência financeira. É um processo que vem de cima para baixo, de forma
muito semelhante no conjunto dos municípios, como se não houvesse diferenças
sociais, econômicas e políticas entre os municípios e regiões",
complementa Vitor Pissaia.
"Em contrapartida, é possível perceber que as prefeituras e
secretarias municipais pouco entendem da estrutura burocrática do MEC, que
oferece programas específicos de auxílio às redes. (...) Quadro semelhante vem
à tona quando o assunto é a suplementação de verba da União destinada aos
municípios que não conseguem arcar com o custo do piso nacional docente. Até
agosto de 2011, nenhum deles havia recebido o benefício - o problema é a falta
de adequação das redes aos critérios exigidos pelo MEC para o repasse de
verba", conclui Pissaia.
A notícia de que as escolas "Antônio Muniz de Souza, Epifânio
Dória, S.José e Sebastião da Fonseca" podem cair nas mãos do município de
Poço Verde é recorrente e o próprio secretário municipal de Educação, Paulo
Roberto Caduda, confidenciara a uma fonte da CNNPV que pode se tornar uma
realidade a médio prazo. E analisando bem uma das falas do secretário de
Estado, Jorge Carvalho, durante seu discurso no Seminário supracitado, revela a posição
do Estado para com aquele diagnóstico tão vergonhoso para Sergipe: "nossa preocupação maior será com o Ensino Médio". A tônica do
novo mandato do governador Jackson Barreto será melhorar os índices a todo custo.
GOVERNO PODE MUNICIPALIZAR ESCOLAS DA REDE ESTADUAL!
Reviewed by Jorge Schalgter Leal
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19:11
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