CELULAR TEM LUGAR NA CLASSE?
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Há muita
discussão sobre benefícios, ou não, de seu uso na escola. Se quiser saber
quanta, busque na internet as palavras "celular escola" ou "mobile phone school". Os prós e os
contras são abundantes. Como esse aparelho é cada vez mais usado e querido
pelos alunos, o tema deve ser discutido no contexto de cada escola ou sala de
aula. Trata-se de tomar uma posição e transformá-la em prática. Assumir se ele
é também um recurso de ensino e aprender a utilizá-lo como ferramenta
pedagógica.
Com o
celular, crianças e jovens escrevem, leem, resolvem problemas, fazem cálculos,
tiram e organizam fotos, ouvem e gravam músicas, trocam imagens e mensagens,
compartilham informações ou notícias, jogam e brincam. O curioso é que nenhuma
dessas atividades é estranha à escola. Com todas as conexões possibilitadas
pelo conhecimento científico aplicado, os estudantes estabelecem contato com o
mundo e seus pares. Eles sentem-se possuídos e possuidores segundo a forma de
reciprocidade que caracteriza o mundo tecnológico de hoje. Daí seu apelo
irresistível.
Se
atualmente a tecnologia faz parte da experiência sociocultural dos alunos,
então considerar seus benefícios na escola pode ser valioso. Para isso, é
importante observar o que, quanto e como eles usam o celular, além de discutir
o valor que lhe atribuem. Regular, estabelecer e respeitar limites, diferenciar
e integrar são ações diferentes de ser contra ou a favor. Implica assumir que
ele pode também ser um meio de aprender os conteúdos escolares e um modo de
alunos e professores compartilharem informações e comunicações, para ser
transformadas em conhecimentos. Quem sabe, também, em sabedoria. Trata-se,
então, de pensar o lugar desse aparelho na escola.
Estabelecer
limites e saber a respeitá-los pode ser uma experiência determinante para os
alunos. Permite-nos aprender a disciplinar o espaço e o tempo do celular na
sala de aula. Se crianças e jovens gostam tanto de jogar com ele, e recorrem a
ele para muitas coisas, cabe ensinar os alunos a usá-lo bem, e achar um
equilíbrio para o que, tal como os remédios, supõe encontrar a melhor dosagem.
De resto, trata-se de aproveitar todas as possibilidades do celular, assim como
fazemos com outros objetos e recursos escolares.
A
Educação Básica, hoje, tem compromisso com a inclusão de todas as crianças e de
todos os jovens. Que eles não sejam incluídos apenas como alunos, e sim como
pessoas que vivem em um tempo, talvez o mais importante de suas vidas. E
pessoas não chegam nuas à sala de aula. Elas vêm vestidas com os costumes de
sua casa e com os objetos que preenchem sua vida, para o seu bem ou o seu mal.
Um deles é o celular. Esquecer-se dele no cotidiano escolar é um jeito de
praticar, mesmo sem o pretender, a lógica da exclusão.
Lino de Macedo
Professor
aposentado do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
(USP)-fonte:novaescola
CELULAR TEM LUGAR NA CLASSE?
Reviewed by Jorge Schalgter Leal
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21:49
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