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OS DESCAMINHOS DA EDUCAÇÃO PÚBLICA EM SERGIPE

Por Baruc C.Martins - Como todo grande tema, a educação gera o ímpeto de defesa por qualquer lado. Canonizada como a única forma de progresso viável, de desenvolvimento certo de uma nação, a palavra se transformou logo em fetiche no inabalável senso comum de: “você precisa de educação para vencer na vida”. Um dogma tão forte que não deixa dúvidas quanto a sua problemática: e o que sobra?

 A suspensão das aulas da rede estadual de ensino, em Poço Verde, relançou sobre nós esse dilema. Mesmo o Ministério Público Estadual entrando com diversas ações para correção de irregulares e do suprimento mínimo de infraestrutura nas escolas, o Governo do Estado nada fez. Ou, melhor: fez em forma de arremedo.

Assim, nada mais natural e justo que nesse meio gritos embevecidos de uma realidade que também só se constitui por arremedos fossem ouvidos, cada um, de uma forma diferente. Os sindicatos gritavam por mais salários, os alunos por aulas e os professores por humanas condições de ensino.

Uma Babel reeditada assim foi feita. E assim permanece. Ecoando. Assombrando. O difícil de perceber, e que pouca gente atentou, foi o fato desse ser um problema estrutural, de fundo, que tanto persegue um desequilíbrio das forças econômicas e sociais quanto a um enfraquecimento constante das relações de ensino-aprendizagem.

Em outras palavras, é a redução da educação à escola e dos problemas coletivos e individuais que cruzam alunos, professores, merendeiras, técnicos e toda a gama de profissionais da educação – indispensáveis à prática do saber.

Um problema tão grave que tem como premissa a camuflagem de um vício corriqueiro de inflar o peito para pedir a educação, mas não se sabe que tipo de educação se está pedindo.
É, pois, uma situação análoga ao fetichismo da mercadoria, em que um produto ganha contornos mágicos e desencarna pela afetividade junto ao seu consumidor num elo místico que causa estranhamento e alienação.

 Uma situação de crise tão extensa que é possível dar nome aos bois e culpar o Secretário Estadual de Educação, Jorge Carvalho, e o Governador do Estado, Jackson Barreto, como também aos governos anteriores pela negligência com a questão.

O fato é que, mesmo apontando o dedo na cara, a ferida ainda permanecerá aberta porque não foi compreendido, por exemplo, o duro processo de falência das instituições sociais.
E é essa a nervura que desata os nós de boa parte dessa discussão. Porque, de maneira geral, é comum perceber como a institucionalização dos órgãos públicos se transformou também na institucionalização dos prédios e gabinetes em detrimento do duro processo de discussão e síntese coletivas, populares.

É como se o prédio-escola ganhasse vida e as pessoas-escola se transformassem em objetos. Meros penduricalhos, substituíveis conforme a necessidade. E, tudo, claro, mais uma vez, por motivações econômicas. “O orçamento não deu”, resposta quase sempre dada pelos administradores. Uma reflexão tão simples que restringe toda e qualquer discussão sobre o básico: “Precisamos de escola para colocar esse país para frente”. E a resposta vem com o corte de 7 bilhões de educação pelo orçamento do Ministério da Educação. E a resposta vem com a demora e adiamento do ajuste de medidas pelo Governo do Estado em Poço Verde.
E assim segue. E nada muda.

Pois, mesmo quando questionamos esse investimento em educação estamos falando de qual educação? E, antes disso, como concebemos educação? O que ela é e passa a ser para nós?

Tudo isso, porém, fica quebrado. Moído e entregue às favas. Pois o nosso desejo de melhores condições de ensino e de aprendizagem – seja ló o modo como tenhamos apreendido essas coisas – só pode ser feito voltando, antes, para nós mesmos.
 E isso exige um pouco mais de inquietude.

A ida ao fórum de Poço Verde de professores, pais, alunos e funcionários, por isso, só terá efeito se for acompanhada de um pergunta: sobre o que estamos lutando? Seguido da certeza: vamos ser intransigentes com os nossos direitos! (Baruc C.Martins é formando em Jornalismo pela UFS)
OS DESCAMINHOS DA EDUCAÇÃO PÚBLICA EM SERGIPE Reviewed by Jorge Schalgter Leal on 09:13 Rating: 5

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