CÂMARA APROVA TERCEIRIZAÇÃO PARA TODAS AS ATIVIDADES. ENTENDA O QUE MUDA
A terceirização
passou no Congresso e agora vai à sanção presidencial. Câmara dos Deputados
aprovou nesta quarta-feira lei que libera o trabalho terceirizado em todas as
atividades das empresas e várias atividades do Estado. Por 231 votos a favor, 188
contra e oito abstenções, a base aliada do Governo Michel Temer conseguiu
ressuscitar o texto, proposto há 19 anos pelo Governo do então presidente FHC e
já aprovado no Senado. A nova lei deve seguir para sanção do presidente Temer.
Centrais sindicais e deputados da oposição criticaram a medida, dizendo que ela
fragiliza e precariza as relações de trabalho e achata os salários. Antes do
projeto, a Justiça do Trabalho só permitia a terceirização em atividades
secundárias – conhecidas como atividades-meio, que não são o principal negócio
de uma companhia.
(...) Entenda os
pontos básicos:
Como é a legislação atual
Como não há uma lei
específica para a terceirização, o tema vem sendo regulado pelo Tribunal
Superior do Trabalho, através da súmula 331, de 2003. Segundo o dispositivo, a
terceirização é possível apenas se não se tratar de uma atividade-fim, o
objetivo principal da empresa, por exemplo: o ato de fabricar carros é a
atividade-fim de uma montadora. Pela regra atual, só atividades-meio, como
limpeza, manutenção e vigilância na montadora do exemplo, seriam passíveis de
terceirização.
O que muda
A principal mudança se
refere à permissão das empresas para terceirizar quaisquer atividades, não
apenas atividades acessórias da empresa. Isso significa que uma escola que
antes poderia contratar só serviços terceirizados de limpeza, alimentação e
contabilidade agora poderá também contratar professores terceirizados.
Empregos temporários
O projeto também
regulamenta aspectos do trabalho temporário, aumentando de três para seis meses
o tempo máximo de sua duração, com possibilidade de extensão por mais 90 dias.
Ou seja: até nove meses de trabalho temporário. Os temporários terão mesmo serviço
de saúde e auxílio alimentação dos funcionários regulares, além da mesma
jornada e salário. O texto aprovado inclui a possibilidade de contratação de
temporários para substituir grevistas, se a greve for declarada abusiva ou
houver paralisação de serviços essenciais.
Direitos dos trabalhadores terceirizados
O projeto aprovado na
Câmara em 2015 ressaltava que não havia vínculo de emprego entre as empresas
contratantes e os trabalhadores terceirizados, mas exigia que 4% do valor do
contrato fosse retido como garantia do cumprimento dos direitos trabalhistas e
das exigências previdenciárias. O texto em aprovado na Câmara não prevê tais
garantias.
Responsabilidade das empresas na terceirização de
serviços
A proposta aprovada na
Câmara em 2015 estabelecia que o trabalhador terceirizado poderia cobrar o
pagamento de direitos trabalhistas tanto da empresa que terceiriza quanto da
tomadora de serviços, a chamada responsabilidade solidária. Já o texto aprovado
na Câmara prevê que o trabalhador terceirizado só pode cobrar o pagamento de
direitos trabalhistas da empresa tomadora de serviço após se esgotarem os bens
da empresa que terceiriza.
O que dizem os apoiadores ao projeto de terceirização
Na visão dos que
apoiam o projeto, a existência de uma lei sobre o assunto é fundamental para
garantir segurança jurídica dos trabalhadores e empregadores. Também acreditam
que, com a especialização do serviço, a produtividade aumentará. Eles
argumentam que a nova norma ajudará na criação de vagas. Nesta segunda-feira, o
ministro da fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a lei irá facilitar a
contratação de trabalhadores. “Ajuda muito porque facilita a contratação de mão
de obra temporária, facilita a expansão do emprego. Empresas resistem à
possibilidade de aumentar o emprego devido a alguns aspectos de rigidez das
leis trabalhistas”, disse em coletiva de imprensa. Para o relator, deputado
Laercio Oliveira (SD-SE), além de incentivar contratações ao modernizar as
regras trabalhistas o texto vai criar uma lei específica sobre terceirizações.
O que os críticos dizem
Grande parte dos
sindicatos e movimentos sociais, os principais opositores, temem a precarização
da relação trabalhista. Eles argumentam que a nova legislação incentivará as
empresas a demitirem trabalhadores que estão sob o regime CLT para contratar
terceirizados, com remuneração menor. Um levantamento realizado pela
Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pelo Dieese, em 2015, mostrou que os
terceirizados recebiam em média 30% a menos que os contratados diretos. A
Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) considera
a liberação da terceirização de todas as atividades inconstitucional. A
entidade considera que o texto mais antigo é ainda pior que o debatido em 2015.
"O PL de 2015, longe de ser o ideal, vem sofrendo algumas alterações e
talvez já não atenda os interesses empresariais plenos de transferir renda do
trabalho para o capital. O projeto de 98 é desatualizado não só do ponto de
vista de seu conteúdo como de debate democrático", diz. Os críticos também
dizem que o projeto não vai frear a guerra judicial sobre o
assunto.fonte:elpais
CÂMARA APROVA TERCEIRIZAÇÃO PARA TODAS AS ATIVIDADES. ENTENDA O QUE MUDA
Reviewed by Jorge Schalgter Leal
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11:37
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