O MAL ESTÁ DE VOLTA PERTURBANDO A JUVENTUDE!

O mal das roças está novamente no embate contra a juventude. Há tempos, a CNNPV vem tratando a respeito, porém pouca mudança tem sido notada a respeito do uso do agrotóxico na região poçoverdense por parte do poder público. Há alguns dias, alunos do interior ficaram dias sem ir à escola justamente pelos sintomas advindos do veneno na quebra do milho. A época tão propícia para o fim da colheita revela o quão aquele pó que se desprende da folha seca pode aumentar e muito no futuro o número de trabalhadores rurais com problema sério de saúde.

Anualmente, cerca de 3 milhões de jovens são afetados pelo uso do agrotóxico no Brasil de acordo com estudos da Embrapa. A causa do mau uso bem como de produto falsificado, sem registro e vendido abertamente por empresas é falta de fiscalização e isso tem causado um alto número de pessoas procurando a rede pública de saúde à procura de um diganóstico. E o que eles comumente encontram: falta de plantonista médico. Prova disso que dois estudantes do CEPJO procuraram a tarde desta segunda-feira (03) e retornaram doentes para sala.

Uma campanha dos alunos do 6o ano da EM Porfírio V.da Silva (povoado Ventoso) em 2012 apontou bem o problema na região que ostenta o maior índice de uso de agrotóxicos (foto). Por lá, agricultores de Simão Dias, que detêm boa parte da área produzida usam não só sementes transgênicas como também para mantê-las, utilizam descaradamente o veneno com a justificativa de diminuir a perda financeira. E o pior: causando mais ainda o risco por contaminação aos jovens da comunidade. Quatro adolescentes têm desmaiado constantemente; sentem forte dor de cabeça e um ou outro tem ânsia de vômito. Um deles chegou até a ficar com o globo ocular inchado...algo que chamou a atenção de todos os colegas da escola.

O uso contínuo do veneno sem proteção acarreta também a "males crônicos que podem se manifestar ao longo dos anos. São registros de câncer, desequilíbrio hormonal, problema respiratório e de saúde mental como depressão", confirma Neice Oliveira, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em estudo levantado pela faculdade de Agronomia de lá. E mais: "há pesquisas mostrando que os agrotóxicos fazem parte da cadeia causal de suicídios!", conlui Neice.

 

Tanto a CNNPV, quanto o sindicato dos trabalhadores rurais têm feito algo a respeito para conscientizar a população acerca do problema. Há algum tempo, a Secretaria Municipal de Saúde também realizou exames num grupo de trabalhadores rurais na vila S.José para identificar e coibir a prática. Contudo, ainda é pouco. É necessário uma campanha eficiente e impactante nas escolas com apoio da Secretaria Municipal de Educação no intuito de promover projetos voltados para o tema na grade curricular já que os adolescentes são os maiores contratados para aquele tipo de serviço. E mais: de nada adianta promvoer uma palestra sem uma ação que cause impacto imediato no imaginário do público juvenil. A juventude atual é mais visual...só blá, blá, blá não resolverá. Imagens, vídeos de alto impacto sobre as consequências do uso do agrotóxico levarão muito mais à reflexão e à conscitização do que mais um dia de bate-papo para criança dormir.

O mal está aí e não podemos ficar plantados à espera de que ele cresça e tome uma proporação maior. Afinal, o fruto pode ser nada doce!