1o DOCUMENTÁRIO POÇO-VERDENSE RECEBE OS APLAUSOS DO PÚBLICO!

Quem
prestigiou a primeira película documental poço-verdense saiu de alma lavada com
a história de personagens únicos na vida cotidiana de Poço Verde. Tudo bem,
havia dois estrangeiros infiltrados que não perdem em nada em graça e drama
para os patrícios do outro lado de cá da ponte Poço Verde/Bonfim-Fátima/Ba.
Como bem
entitula a obra cinematográfica, a viagem por entre as algarobeiras
(provavelmente enrolou a língua) chega até à casa do senhor Delson ao lado do
neto Alan Debaixo de um pé de algaroba, a dupla nos reporta a outro personagem histórico - Neto Emídio. Sua peneira em torno das curiosidades históricas em tempo
eleitoral, por exemplo, nos traz um fato novo - atrás daquele homem sério de
hoje já foi um cabra simpático com o povo. Prova disso foi a conquista de outro
mandato a contragosto do governo do estado e de figuras importantes na cidade.
Aquela felicidade traduziu-se logo em seguida numa toada tão saudosista quanto
a da irmã Gabriela, porém não melhor do que o antigo astro da música local Seu
Oliveira Cantador. A tez morena que lembra bem o povo hindu e cabelos
acinzentados encheram de orgulho a tela com sua serenidade, eloquência e uma
felicidade presente nas coisas mais
simples da vida. De tão simples que revelou o lugar mais prazeroso para compor
suas canções - o quintal de sua casa.

O público aplaudiu de pé a primorosa filmagem que entra para os anais da história local. (fotos:divulgação)
Sobre
o belíssimo trabalho, Baruc nos deu uma entrevista exclusiva:
Depois de pronto o material, você acredita que faltou alguém no documentário?
R.: Eu
acho que sim. Faltou muita gente. Mas esse não é o problema. Precisava montar
uma narrativa consistente, bem acabada. Depois de escolher o conceito de
trabalhar a desimportância da vida foi que pensei nos entrevistados e no que
cada um deles poderia mobilizar para a minha vida a ponto de transformar em um
filme. O documentário também se utiliza de uma gramática própria e eu precisava
reduzir as suas frestas, aprisionar as minhas escolhas de personagens para dar
maior liberdade e conseguir um resultado mais coeso e profundo.
Por que
foram incluídos dois estrangeiros?
R: Essa
pergunta me faz te responder, se me permite (risos), com uma outra: o que é
estrangeiro? A quem tomamos enquanto estrangeiro? Foi essa a premissa que me
fez colocar pessoas que não moram nos limites geográficos da cidade, como a
Raiane e a Dona Raimunda, no documentário. Porque elas participam ativamente da
vida da cidade, suas vidas estão entrelaçadas com uma dinâmica que também nos
atinge. É uma produção cultural em seu sentido mais amplo. O que alguns
filósofos culturais chamam de produção de cena. Por isso, coloquei esses
“estrangeiros” para implodir fronteiras e abrir perspectivas de novos
horizontes. Isso faz até pensar sobre a vida.
Por que
deu preferência ao documentário já que seu primeiro projeto era um filme?
R: Na
verdade, meu projeto sempre foi um filme. Porque documentário é uma espécie de
filme, assim como a ficção. Mas hoje, com o documentário contemporâneo, e do
que Jean Rouch com seu cinema verdade e Eduardo Coutinho com seus documentários
tão próximos das pessoas fizeram, há uma maior liberdade de criação. Lembro
Gualberto Ferrari, um querido cineasta franco-argentino, que me ensinou durante
uma semana que é preciso apaixonar-se por seus personagens para contar uma
história em imagens, para fazer cinema. Independentemente de ser documentário
ou ficção. Porque essas limites para os cineastas não existem. Hoje você
assiste a documentários tão imersivos e implosivos esteticamente que não é
possível enclausurá-los em uma categoria isolada. Como é o caso, por exemplo,
de “O Céu sobre os Ombros”, do Sérgio Borges. A arte de fazer cinema tem mudado
e esses novos olhares é que estão capitaneando esse processo artístico.
Depois da
estreia, tem pensado em algum outro projeto?
O que mais
tenho são projetos (risos). Tenho cinco roteiros registrados na Fundação
Biblioteca Nacional e mais dois para envio. O meu primeiro roteiro foi um
longa-metragem de ficção sobre a relação parental entre uma menina e um homem
adulto. Uma coisa um tanto mística e que se passa inteiramente em Poço Verde.
Como foi meu primeiro roteiro está horrível (risos). Mas penso em voltar a esse
projeto um dia e conclui-lo satisfatoriamente. Tem também o projeto de um
curta-metragem documental sobre Paú Barroca. Esse eu vou tentar pelo edital da
Secult que está aberto. E, mesmo que não consigo financiamento por edital, vou
dar um jeito de desenvolvê-lo. É uma dívida que tenho com Paú. Acho que posso
conseguir captar coisas muito interessantes dele, do modo como vê a vida, do
processo de composição e do confronto que quero erguer entre o homem e o
artista. Quero tentar seguir um caminho mais difícil e mostrar que quem está
construindo o homem é o artista. E não o inverso. Mas, fora isso, é só ralação.
Tem a UFS ainda para comer meu juízo. No próximo período me formo e já penso no
mestrado em roteiro audiovisual ou uma especialização em roteiro. Quero ser
roteirista e fazer filmes. Esse é um sonho que vou tentar colocar pra frente.
1o DOCUMENTÁRIO POÇO-VERDENSE RECEBE OS APLAUSOS DO PÚBLICO!
Reviewed by Jorge Schalgter Leal
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