CADÊ O HOMEM DA NOVA POLÍTICA ?
Já dizia
o ex-presidente americano Abraham Lincoln "Se quiser pôr à prova o caráter
de um homem, dê-lhe poder". Com a popularidade em alta e com respaldo da
lei regimental da Câmara Municipal, o
presidente da Câmara municipal de Poço Verde, Alexandre Dias/PSDC, deu
uma tacada de mestre esta semana. Depois de quatro meses após a eleição da Mesa
Diretora para o biênio 2017-2018, no qual foi eleito presidente, Alexandre
solicitou nova eleição referente ao biênio 2019-2020. Algo que poderia muito
bem ser realizado no final do próximo ano. Afinal, ele e a oposição dominam a
Câmara atualmente. Essa é a segunda vez que acontece na história do
legislativo. O primeiro a antecipar foi Pedro de Jesus/PDT, atual líder da
oposição, a usar da prerrogativa para continuar no poder por quatro anos com
apoio das duas bancadas.
Alguns
se perguntam: o que teria motivado então Alexandre Dias a tomar uma decisão
dessa magnitude e tão próximo à última eleição? O próprio iniciou a sessão da
última quinta-feira (20), explicando que todo o processo eleitoral foi feito
com lisura e de forma democrática.
Referindo-se
à primeira eleição realizada no início de janeiro, Alexandre pontuou: "a
lei diz que tem de ser no primeiro dia do ano, a segunda ela tem de ser feita
até dois anos não podendo passar. Essa lei dá essa brecha, essa prerrogativa
para fazer a qualquer hora, a qualquer dia para votar o segundo biênio
(referente aos dois últimos anos 2019-2020). Quem ganhará continuará na chapa
nesses dois últimos mandatos". O presidente acredita que o trabalho na
casa o referenda como tal.
"Foi publicada
essa eleição há 48 horas como manda a lei... foi divulgada em vários meios de
comunicação, foi registrada duas chapas (uma formada por Gileno Alves e a do
próprio presidente). Cabe a democracia!.. São onze vereadores aqui. Quem tiver a
maioria vence", completou. Na tentativa de explicar ao público presente na
sessão e que assistia pela rede mundial, Alexandre sugeriu que as pessoas
"entendam mais o processo da Casa" para enfim compreender a atitude.
Adiante, disse que
terá a serenidade necessária para conduzir os trabalhos até para atender aos
projetos do Executivo quando vierem em favor da sociedade. Tentando convencer
que aquilo não era um golpe, afirmou que na Casa há quatro comissões, duas
delas têm como presidentes os vereador es da situação Gilson Rosário
(Orçamento, Finanças e Fiscalização) e Jaci de Silvino ( Infra-estrutura e
Cultura); e duas com colegas da oposição como Pedro de Jesus (Justiça e
Legislação) e Léo de Fonsinho (Saúde, Educação e Meio ambiente) para balancear
a condução dos trabalhos na Casa.
Rede social - Em rede
social, Alexandre tentou explicar a alguns internautas que criticavam a
antecipação da eleição. "O regimento interno são algumas das leis que
norteiam as ações dá câmara; A eleição é uma prerrogativa prevista na lei.
Aproveitando o ensejo e as garantias das leis conversei com outros Vereadores e
achamos por bem fazer nessa data. O mais importante é fazer o papel do
presidente, respeitando todos os pares e lutando por um município melhor para
todos os munícipes. Por fim, a eleição faz parte da democracia, as duas chapas
irão concorrer e a que tiver maior votação vencerá", concluiu.
Elogios - Voltando à sessão plenária, não
faltaram elogios para descrever o papel de Alexandre Dias nos últimos cem dias
desde que assumiu o cargo. O líder da oposição, Pedro de Jesus/PDT foi o primeiro a
estender o discurso. Ele ainda aconselhou ao presidente a ouvir as críticas
pois elas são mais importantes do que o elogio dos bajuladores. Num discurso
efusivo e eloquente, Pedro foi aclamado pelos presentes.
Quem
também seguiu a linha de elogio foi Léo de Fonsinho. O vereador do PC do B
disse que aquela noite "era uma data importante na politica de Poço
Verde. Se olharmos para o outro lado (referindo-se aos ausentes), percebemos a vergonha que esta sendo uma
parte do legislativo no nosso município . O que está acontecendo eles aqui hoje
não estão simplesmente fazendo com que a gente seja.. mas cada vez sejam piores
para a população de Poço Verde...a ausência deles pouco importa para mim como
vereador, mas como cidadão poço-verdense me envergonha. Espero que na próxima
sessão mostrem os atestados".
E
criticando a ausência dos colegas, o vereador afirmou que os vereadores da situação
"estão mal acostumados e precisamos dizer isso aqui. Estamos numa nova era
da politica poço-verdense... Direi para minhas filhas no futuro que existem
políticos honestos..." Léo ainda foi mais longe, denominou o novo grupo
oposicionista de G6 (nas palavras dele, os melhores vereadores da gestão
atual). Léo acredita que, no mínimo, dois vereadores da situação logo, logo estarão
se juntando ao grupo para formar G-8 tamanha a repercussão do trabalho da oposição.
Covardes - A vereadora Délia Félix/PP (foto acima) e Edson
Didiu/PSB deram continuidade à sessão elogiosa tratando da reeleição. Eles também trocaram elogios com os demais colegas - faz parte da diplomacia. Didiu
aproveitou o discurso para chamar os vereadores ausentes de covardes. "Para ser vereador não pode ser covarde. Diga a esses vereadores que voltem"! Sobre o medo de Alexandre ter
arriscado a busca pela reeleição, disse: "Às vezes, precisamos arriscar mais, ir de contramão ao que a
população já sabe, ir de contramão ao sistema, devemos ter coragem de
enfrentar. (...) Esse grupo G-6 vai dar show na política de Poço Verde",
disse.
Plaquinha - Depois de parabenizar o presidente,
o vereador Raimundinho da Kombi/PSB (foto ao lado) resolveu mostrar toda a sua
indignação com a famosa plaquinha de "110
dias sem Casa de Apoio" na forma de protesto contra o atraso na
reabertura do imóvel na capital sergipana. Raimundinho citou o exemplo ainda de
uma paciente que teria ficado esperando transferência para capital e se não
fosse a ajuda do ex-prefeito Antônio Dória, a mulher poderia ter chegado a
óbito.
Nova política - Se
a saúde preocupa e muito o poço-verdense, o fato de antecipar a eleição
para o próximo biênio também é preocupante. Ora, não havia razão alguma para o
presidente Alexandre Dias usar dessa prerrogativa: primeiro porque ele agora
faz parte da oposição e tem apoio dos demais vereadores oposicionistas (teria o apoio adiante);
segundo, tendo maioria a escolha poderia ser feita no final do próximo ano se
realmente pensa em lisura e transparência; e terceiro, a não ser que ele
sinta-se inseguro o bastante diante da conjuntura política futura, o que não demonstra.
Para
quem prega como o homem da nova política, as atitudes não andam combinando com
o discurso do atual presidente da Câmara. Some aí: a estratégia para ganhar apoio do grupo oposicionista no
início do ano como chefe do legislativo, o escândalo das diárias para os
vereadores (cujas imagens nunca são divulgadas sobre a tal capacitação mensal,
apenas é divulgado o tema na forma de prestar contas à sociedade) e agora a
iniciativa de antecipar uma eleição há quatro meses de realizada a primeira; o
discurso de que só fica num governo quando é respeitado (na linguagem política,
quando consegue dividendos tal qual diz quem pertence à velha política).
Se
num pequeno espaço de tempo já foi capaz de articular o jogo para conseguir algum objetivo fazendo uso de brechas na lei, o que não fará quando tomar lugar da peça
mais importante do tabuleiro? Parece que o poder anda realmente subindo à
cabeça do nosso presidente! Alexandre não precisa disso pois tem apoio do eleitorado. Cabe apenas filtrar os conselheiros.
Sobre
os vereadores da situação, realmente agiram com imaturidade. O fato de se
ausentar da sessão para não enfrentar a oposição e dar ganho à reeleição do
atual presidente só corrobora o quão todos ali são membros de um único partido:
como já falamos muitas vezes, do partido da conveniência.
E quanto
à resposta ao título: o homem da nova política está atrás da urna.
CADÊ O HOMEM DA NOVA POLÍTICA ?
Reviewed by Jorge Schalgter Leal
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