UM RAIO X DA LAGOA DO JUNCO

Recentemente, a CNNPV esteve no povoado Lagoa do Junco, o mais longínquo do município e constata: de uns dez anos para cá,  a localidade se desenvolveu bastante à exceção da praça da igreja que continua abandonada como sempre frente ao desenvolvimento: vieram a extensa pavimentação das ruas, um posto de saúde (onde há atendimento médico uma vez por mês), a reestruturação da escola do ensino fundamental e uma melhora na qualidade de vida dos moradores advinda dos recursos do governo federal com o Bolsa Família, Bolsa Estiagem entre outros.

Se nos últimos anos, o governo valorizou as classes menos favorecidas, não haveria por que a Lagoa do Junco não ter um resquício sequer desse crescimento econômico. Quem visita o povoado, observa que até as residências refletem um pouco desse desenvolvimento. Por lá, as casas são bem cuidadas. Boa parte é recuada e têm jardim em frente da residência algo não muito comum em imóveis em Poço Verde. O poço-verdense sempre preferiu aproveitar mais o espaço ajustando a casa rente à calçada. Outra melhoria trouxe um conjunto de 20 casas residenciais espalhadas pela região do Junco.

Tudo bem que falta muito para o povoado se transformar num modelo local. Tal qual os demais, a água, por exemplo, é hoje um dos maiores problemas da comunidade. A maioria da população tem a resposta na ponta de língua quando questionada sobre o assunto: "a gente precisa mesmo é de água! Aqui a gente tem de pegar num tanque aqui perto ou na nação perto do Jacurici para dar aos animais!", relata uma senhora que mora bem em frente à igreja de N. Sra. Dos Remédios. Justamente ali outra reclamação recorrente de alguns munícipes: "todo político chega aqui prometendo reformar a praça, faz promessa para Nossa Senhora e nunca mais aparece!" completa.

Saúde & Comunicação - A saúde também chama a atenção na lista de problemas. Um jovem reclama que o atendimento médico é resumido a 20 atendimentos por dia de visita. "Na verdade, a gente preferia que viessem os médicos cubanos pois eles atendem a todos sem distinção!", diz Adriano. Numa eventualidade onde um morador precisa de atendimento de emergência, um dos líderes da comunidade encaminha prontamente até a sede do município já que o posto não funciona regularmente. Como em algumas áreas do povoado o sinal de telefonia não funciona, requer perícia do usuário identificar qual é o melhor local para fazer uma ligação e não perdê-la durante a conversa. Falando em comunicação, mesmo sem o sinal de telefonia, algumas pessoas conseguem mais informação via internet. Cerca de 5 moradores possuem conexão via MinasInfo, a empresa mais presente nos povoados em Poço Verde. Quando indagamos se estão sintonizados na rádio local, a resposta é de que a frequência não chega. Logo, a maioria esmagadora acompanha alguma estação da região tobiense.

 

Trabalho & Educação - Como a frequência direta com Tobias Barreto é muito presente, o jovem morador prefere migrar para o município vizinho para garantir um emprego. Por que não tentar uma vaga na empresa de calçados, por exemplo? Com o argumento de que o povoado é muito longe da cidade e o risco de darem preferência a quem vive na cidade, os jovens dizem que preferem arriscar mesmo em Tobias. Quem ainda não chegou à idade adulta, prefere dar continuidade aos estudos em Poço Verde. O povoado poderia ter uma escola de ensino Fundamental I e II, porém a única escola na comunidade atende apenas à turma do Fundamental I. Por sinal, tem uma das unidades com melhor infraestrutura do município (atualmente, passando por nova reforma). A turma do Fundamental II (do 6o ao 9o anos) seguem para a unidade do Queimada Cumprida, onde recebe alunos de diversas comunidades da região como Cedro.

 

Transporte & Esportes - Esse vai e vem demanda um transporte de qualidade, porém volta e meia sempre há uma celeuma entre os profissionais da Lagoa do Junco com a Queimada Cumprida. A razão: transporte escolar! Ora, a secretaria puxa o freio; ora, acaba esquentando mais ainda o calor entre os atletas do dia a dia que são obrigados a dividir o mesmo veículo. Essa jornada não é tão desgastante quanto o morador que tem de enfrentar a poeira ao longo da viagem para a cidade. A poeira e os buracos tendem a piorar a situação à medida que o verão chega. Enquanto a estacão mais quente não chega, a juventude aproveita os fins de semana para praticar a paixão do poço-verdense: o futebol. Um campo bem ao lado do povoado é palco de muito amistoso ao longo do ano. O time local sempre participa de competições do município, porém não pode ir muito além haja vista a força dos colegas da cidade que têm maior investimento.

É de cá que os futuros candidatos a prefeito e a vereador além do gestor atual poderiam dar uma força maior trazendo propostas e investimento para melhorar a distribuição de água, garantir um atendimento médico de qualidade além de ofertar um ensino para todos no povoado. Outras sugestões podem ser extraídas acima, pois da Lagoa do Junco não se pode apenas querer votos. A comunidade vive exclusivamente da lavoura e da criação de pequenos animais.