CADUDA FALA SOBRE A REALIDADE DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL E ALFINETA OS VEREADORES
Na sessão
plenária desta segunda-feira, 12, o secretário municipal de Educação, Paulo
Caduda, compareceu espontaneamente para
explanar sobre a real situação da pasta. De imediato, Caduda deu um alfinetada
nos professores: "No dia que é para dá explicação, os interessados não
apareceram". E se reportando a respeito da demora em explicar, o
secretário afirmou que "não estava fugindo porque não fujo das minhas
responsabilidades. Confesso que é o momento mais desagradável pelo menos no
período que eu estou na rede e coincidência ou não isso acabando caindo nas
minhas mãos, mas temos a responsabilidade de prestar esclarecimentos à
população e pelo menos relatar o que aconteceu".
Com dados
à mostra em plenário, Caduda relatou que em 2013, de janeiro a agosto, a
secretaria arrecadou R$ 6.492,260,27; em 2014, arrecadou R$ 7.280.325,16; em
2015, R$7.534,706,90 e em 2016, R$ 7.086.960,79. "Pela 1a vez na história
do Fundef e Fundeb nunca havia acontecido de um ano vir menor do que o outro.
Já tivemos 30% de reajustes salariais. No entanto, nossa arrecadação é
inferior. Onde está o dinheiro da educação? O dinheiro não sumiu, não
entrou". E cutucando a classe que pede maior transparência, Caduda
reforçou: "Quer que eu coloque
quanto ganha cada um na internet como fiz em 2014. Agora de uma hora pra outra
passei a ser o cara que sumiu com o dinheiro da educação. "
Caduda
afirmou ainda que todos os valores estão à disposição de todos. Apontando os
dados um por um, o secretário revelou que há um déficit "por isso que no
final de janeiro algumas férias não foram pagas. Inclusive deixamos de pagar
funcionários da secretaria. Estamos recebendo menos do que nos anos anteriores.
(...) 437 mil é a diferença entre receita e folha. Aqui estão as duas folhas
dos professores e dos profissionais. O sindicato disse que os valores de
janeiro a julho poderiam pagar os professores. Está correta, mas não pagamos
apenas os professores. Temos combustível, se não pagar o transporte contratado
não tem aula, se não pagar os servidores não funciona. Entre o que o sindicato
coloca aqui, as explanações estão erradas? Não! O sindicato tem de vir aqui
defender que deve pagar os professores".
Consciente - Caduda explicou como o
desequilíbrio entre receita e despesa tem prejudicado o pagamento salarial.
"Eu passei 3 anos e meio fazendo esse equilíbrio. Tem prestador que tem
dezembro sem receber. Atrasava o posto, para poder equilibrar. Em julho não
dava para pagar somente os professores. Nas negociações, a gente vinha dizendo
vai faltar dinheiro. Quando fechou julho e paguei aos servidores, tinha um
documento de compromisso com o prefeito assinado; eu tinha de pagar os
servidores. Paguei os servidores. O que aconteceu? a complementação prometida
não chegou. E fiquei sem dinheiro para pagar. Juntando o déficit coma folha de
agosto. Já temos em relação um déficit comparando com o ano passado de 500 mil.
A função da secretaria e administração o que entra na Secretaria de Educação. O
que aconteceu nas últimas semanas, o culpado de o dinheiro sumir, de não saber
gerenciar passei a ser o cara mais incompetente diante do cenário que se
apresenta. Por que demorou tanto? Estávamos tentando resolver internamente. Eu
sou responsável pelo que entra na secretaria. Querem fazer auditoria? 1o. A
Secretaria de Educação cumpre com o piso, 2o Cumpro com a lei do Fundeb e 3o. Não cometi crime nenhum quando paguei a
folha dos servidores porque o percentual exigido pelo magistério estou
aplicando". Ele foi mais fundo e provou porque pagou o próprio salário com
o recurso do Fundeb utilizando informações do site do FNDE ao vivo para todos.
Números - Caduda concorda com a sugestão do
sindicato de que seu salário deveria ser pago pelo MDE, mas ele não está impedido da fazê-lo. Ele criticou
a razão pela qual o sindicato não listou os demais servidores como vigilante e
funcionários apenas os colegas da equipe de coordenação da secretaria.
Indignado porque os professores não estavam ali presentes para ouvir a
explicação, o secretário confirmou que na audiência realizada na manhã daquela
segunda-feira,12, com o prefeito Thiago Dória e o secretário de Finanças,
Clérison, ficou claro que "os recursos não são suficientes. Possivelmente
melhore a partir de outubro. Tenho 210 mil reais na conta entre ICMS na quarta.
Falta 340 mil para pagar a metade de julho. Na audiência de hoje, o executivo
se comprometeu para pagar essa folha. Muitos afirmaram que se pagasse, fizesse
a folha inteira. A decisão de hoje foi de receber todo. Esta correto? Tá. Não
vamos dizer que faremos pagamanto parcelado. Ele fez o papel dele. Se tiver
metade, eu pagarei a metade. E dia 10 pagaremos agosto. Se o que entrar nos
dias 20 e 30 (de setembro) vou pagando pela metade por que a situação não é
fácil".
"Todo
professor da rede que tem 200 horas recebe mais do que o secretário de
educação. Vim descobrir esses cálculos. O salário de secretário está sem
revisão desde 2014. É R$ 4.200,00. Essa é a realidade que a gente tem na
educação de Poço Verde/Se. Se não tiver complementação, não temos como pagar. Se entrou menos para
educação, entrou menos para o município via FPM, ICMS (...) Mesmo diminuindo, a
educação não tem como se sustentar. Eu já suspendi todas as licenças. (...),
argumenta. Cauda apontou ainda que o plano de carreira dos servidores da
educação também vem garantido poder de ganho maior inflando assim a folha de
pagamento.
O outro lado - Depois da exposição, foi a vez
do líder da oposição João Ramalho/DEM abrir o debate. João lamentou o discurso
focado em mostrar apenas a receita e esconder os gastos, a despesa real.
"Quando o senhor apresenta os valores nesta tribuna arrecadados e que fala
somente de folha de pagamento o senhor não apresenta portanto as despesas que
foram pagas com a manutenção dos carros, onde nós sabemos que tem uma empresa
fantasma, fictícia que ganhou uma licitação no município de Poço Verde na ordem
de 800 mil reais. A empresa inclusive só existe virtualmente e que presta
serviço e que nós temos informações de que esse prestador de serviço tem dado
notas e que tem repassado valores e notas frias e que foram pagos com
manutenção dos carros. Só uma auditoria é que vai dizer o que está acontecendo.
Uma secretaria não vive só de receitas, vive de despesas. Deveria ter trazido
um relatório das despesas. Não apenas da folha de pagamento. Essa auditoria se
faz necessário ", disparou.
A ladainha
não acabou aí, ele seguiu o discurso afirmando que os professores não estavam
presentes naquela noite em grande número em repúdio à presença do secretário.
"Soube que o senhor estava satisfeito com a greve porque a Secretaria de
Educação estaria economizando. Soube que o senhor pediu a ilegalização da greve
e iria descontar do salário o dia não trabalhado. Seria importante que o senhor
desse a previsão de quando será pago pois muitos pais estão levando filhos para
transferir para escolas do estado como Claudionor e Antônio Muniz. Já que o
prefeito não estava repassando, o senhor ficou na esperança virar uma bola de
neve. o valor que a prefeitura repassa é considerável. Se a prefeitura tivesse
repassado não estaríamos nessa situação. O senhor como excelente sindicalista
desrespeitou a decisão da classe ao pagar o salário em parcelado. O senhor é o
responsável porque é o ordenador de despesa", concluíndo seu aparte.
Réplica - Em resposta ao comentário do
vereador, o secretário municipal de Educação afirmou que "Quem é
responsável pelos repasse pela educação? Ou vou ter que dar uma aula aos
vereadores. Eu falei da aplicação dos recursos e como funciona. Com relação à transparência,
teve essa nota porque o município nem sequer tem um site. Estranho que o senhor
tenha tanta informação se não existe transparência. Eu fui achincalhado quando
coloquei a folha no Facebook já que é preciso transparência. A despesa com os
carros é de 35 mil reais por mês e posso lhe dizer que lá não existe nenhum
nota fria. Cada peça que é colocada em cada carro temos um controle. E a
documentação está lá à disposição com esses gastos com o recurso do salário
educação".
Depois de
comentar outro caso envolvendo uma reunião com o secretariado e o prefeito,
Caduda falou sobre a ausência dos professores naquela sessão. "Sobre o
repúdio se foi isso, eles não irão para secretaria de educação". Irritado, continuou "eu construi história e posso olhar no olho de cada um. Se não
veio não tem problema. Vim aqui e se só veio os interessados, não tem
problema". Quanto ao fato de gostar de gostar da greve pois estaria
economizando, ele respondeu que "Sim. Sobre a economia temos economia com
posto. Ou não? economia com prestador de serviço e alimentação escolar. Isso é
o que eu quero para educação de Poço Verde? Nunca foi. Agora se eu tivesse
economizado para aproveitar do momento para fazer farra com o dinheiro da
educação... Na hora de parar eu disse pare tudo porque não dá para ter dois
gastos. Nem teria qualidade de aula antes, nem depois. Tem de ser um calendário
para todo mundo. Os professores têm compromisso com seus alunos e vão cumprir
isso. Não foi feito pedido de ilegalidade. É uma forma legitima de fazer greve.
Quem desrespeita o processo democrático é quem dá golpe. Professor vai ser
respeitado. Se fosse outro secretário colocaria os contatados para trabalhar,
pagaria e declararia ilegaldidade. O que Caduda fez?, para todo mundo. O
executivo apresentou hoje sua proposta: até sexta o valor de julho, 20 de
novembro paga outubro e até o final do ano paga os demais".
Adiante,
justificou: "Fizemos uma projeção para 30 de setembro pagar a folha de
agosto. Eu precisaria de pelo menos 500 mil reais; para pagar as duas folhas
precisaria um milhão e 400 mil desconsiderando o repasse do Fundeb. Por que só
mostra folha? Por que a discussão era folha? Não temos problema nem
dificuldade, o que falta é dinheiro para pagar. Sobre o desrespeito de pagar
desacatando uma decisão da maioria. Quem não quiser usar o dinheiro, deixa lá
(na conta) ...Eu compreendo como sindicalista, não dá para aceitar o
fatiamento. Sei da integridade para quem está no sindicato mas também não é
cego para ver a realidade financeira. Se eu tiver metade, pagarei metade, se
tiver todo, pagarei todo, não vou ver meus colegas sofrendo!" concluiu.
Desafiando os vereadores - Aproveitando sua
visita à Casa Legislativa, Caduda não perdoou a enxurrada de crítica que vem
levando nas últimas semanas. "Tenho defendido o dinheiro da educação e não
é de hoje. Já passou da hora de rever a questão imobiliária daqui do município
e exigir parar de tá defendendo empreiteiro e agora tá aí o resultado ,
negociou, negociou, privilegiou e agora naturalmente já deve ter feito o
pacotão para continuar as mesmas vantagens caso mude-se de poder. Não é a
lógica? E onde fica o povo? E ai mais uma vez vai ter discurso bonito aqui
falando de quem tá lá e não sabe administrar. Agora não faz a parte aqui"
cutucando so vereadores. "Se estamos sem cumprir os 25%, o secretário de
educação que tem de aguardar esses recursos lá mas também vamos ter a mea culpa
aqui dessa casa que não fiscalizou. Não tem acesso as fontes do TCE para saber
que não está sendo cumprido? qual foi a
cobrança desse repasse para secretaria de Educação? Agora é o secretário
que é o responsável por isso? que é conivente? "desabafou.
Quadras - Já encerrando a noite da sessão
plenária, Caduda falou o porquê até o momento nenhuma quadra esportiva foi
construída já que há muito tempo tem dinheiro em caixa para tal empreitada.
"Me deixa frustrado porque foi uma luta para conseguir as quadras. A
secretaria pagou o projeto, o topógrafo. Conseguimos com o PAC 2. Foi liberado
300 mil para o ginásio da Escola Valadares e da Queimada Cumprida e a cobertura
da quadra do agrícola, 186 mil. Por conta de um processo licitatório,
conseguimos prorrogar o processo por mais um ano. Não temos uma comissão de
licitação". O processo de conclusão mesmo deve ficar para o próximo
gestor.
João
Ramalho ainda comentou sobre a falta de pagamento de empresa de transporte,
cujo contrato verbal rendeu muito tempo sem o contratado receber. Caduda
afirmou que o antigo problema será resolvido pois já teve contato direto com os
prestadores a respeito de uma dívida antiga. Ele ainda agradeceu ao apoio do
presidente da Câmara, Pedro de Jesus, dado na última sessão ao tratar sobre a
denúncia da tal lista de privilegiados que receberam julho e as férias.
A greve
dos professores se estende desde o dia 24 de agosto e as negociações continuam.
"Janeiro está comprometido!", concluiu o chefe da Educação
municipal, Paulo Caduda.(foto:Tiago)
CADUDA FALA SOBRE A REALIDADE DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL E ALFINETA OS VEREADORES
Reviewed by Jorge Schalgter Leal
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13:47
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